- Por Marcus Vinícius Santos
(1) “Terapia Comportamental” (Behavioral
Therapy ) – Baseia-se nos princípios do condicionamento clássico e operante –
recompensa e punição de comportamentos considerados
apropriados ou inapropriados,
respectivamente –, afirma que o uso de droga é um comportamento aprendido pelo
indivíduo em seu contexto. Por isso, o cerne da intervenção resume-se em
primeiro, identificar os comportamentos que instigam o uso de drogas; em
segundo lugar, prover o indivíduo de habilidades que rompam tal ciclo de
conduta e, em terceiro, propiciar-lhe formas de lidar com situações propensas à
recaída. Os pais aprendem esses princípios terapêuticos através de um
treinamento sobre o gerenciamento e monitoramento parental de forma a
utilizá-los com o adicto.
(2) Terapia Comportamental
Cognitiva” (Cognitive Behavioral Therapy – CBT - No Brasil TCC) – Esta intervenção expande os
princípios da terapia comportamental, ao reconhecer a influência de elementos cognitivos tais como: o processamento da
informação, a aprendizagem social,e os estágios de desenvolvimento para a formação
do indivíduo. O tratamento foca as interações entre os fatores comportamental,
cognitivo, social e do desenvolvimento, visando a mudanças nas percepções e crenças
e no comportamento do indivíduo. O uso de drogas é aqui entendido como
funcionalmente relacionado aos problemas da vida do indivíduo e influenciado,
por sua vez, pelos fatores sociais e cognitivos. O objetivo desta terapia é
auxiliar no reconhecimento de situações que podem levá-lo ao uso de drogas;
evitá-las mediante habilidades construídas e lidar com problemas associados a
elas.
(3)
“Terapia Motivacional” (Motivational Therapy) – Pretende auxiliar o indivíduo, de forma
empática, a se movimentar pelos estágios de mudança que são os seguintes: pré-contemplação,
em que a pessoa não reconhece ter problemas com drogas; contemplação , momento de
ambivalência com relação às razões para a mudança; preparação , onde há um
aumento do compromisso com a transformação; ação onde o indivíduo para de usar
drogas; e manutenção , em que ele desenvolve um estilo de vida que evita a
recaída.
(4)
“Intervenções Farmacológicas” (Pharmacotherapy) – são usadas principalmente com
adultos no tratamento de sintomas graves de dependência a drogas. Com
adolescentes, podem ser utilizadas para a desintoxicação e tratamento de
co-morbidade.
(5) “Terapia dos 12 Passos” (Twelve-Steps
Approaches) – também conhecida como o “Modelo Minnesota” (Minnesota Model). Os
Alcoólicos Anônimos (AA) e os Narcóticos Anônimos (NA) concebem a adicção como
uma doença progressiva e crônica, caracterizada pela negação e pela perda de
controle. A espiritualidade é um elemento chave nesses tratamentos. Pede-se aos
participantes que aceitem, com humildade, o fato de terem perdido a batalha do controle
sobre as drogas e se rendam ao Poder Superior. A ideologia dos 12 passos prega
que a recuperação só é possível através do reconhecimento individual de que as
drogas são um problema e da admissão da falta de controle sobre seu uso. As
terapias dos 12 passos são utilizadas por adolescentes e adultos como complemento
de tratamentos diversos. Entretanto, a filosofia que as fundamenta vai de
encontro ao adulto. Pedir que o adulto aceite e renuncie em favor de um
Poder Superior, num momento em que ele desenvolve sua identidade e poder
pessoal.
(6) A
abordagem comportamental intitulada “Terapia de Rede” (Network Therapy – NT), que
também considera a família como um grupo que atua como substrato para a mudança
mas não como co-geradora do comportamento adictivo, encontra-se no meio do
caminho entre um método de engajamento do adicto no tratamento e o tratamento
propriamente dito. Propõe-se a enfocar a intervenção que se vale do apoio da
família e dos amigos e pode ser administrada em ambulatório tendo, como objetivo
primeiro, a abstinência. O termo “Rede” vem do trabalho de Speck & Attneave
que utilizaram um amplo grupo de apoio
da rede familiar e social dos pacientes como mediadores para o manejo
psiquiátrico. Estudos experimentais atestam a eficácia da NT.
(7) “Intervenções
Multi-Sistêmicas e Baseadas na Família” (Family-based and Multi-Systemic
Interventions) – tais intervenções contextualizam o adolescente em sua família
e na sociedade – seus pares, escola, comunidade – partindo do princípio de que
as relações do adolescente com esses contextos podem ser saudáveis ou
adoecidas, no último caso, facilitadoras do uso de drogas. Tais tratamentos têm
como base as relações disfuncionais do indivíduo com qualquer um desses
sistemas, de forma que a terapia terá, necessariamente, que envolver pessoas
desses variados universos. Consideram que a dinâmica destas relações influencia
seus pensamentos e suas percepções, contribuindo, então, para a formação de padrões
de comportamentos. Reconhecem a influência crítica que o sistema familiar do
adolescente tem no desenvolvimento e na manutenção de problemas de abuso de
drogas.
Merecem destaque, neste conjunto
de propostas, as diversas formas de terapia de família, consideradas essenciais
para a abordagem da drogadição. O método de intervenção varia de acordo com a
orientação teórica do terapeuta. Mas a maior parte delas vem da teoria sistêmica
, em que a ênfase é dada à natureza relacional e contextual do comportamento humano.
Nessa perspectiva, o funcionamento do indivíduo está reciprocamente
interconectado ao dos outros indivíduos que compõem o seu primeiro contexto
relacional: a família. Essa abordagem considera o comportamento como um sintoma
da disfunção familiar, uma vez que o comportamento individual ocorre e adquire
o seu significado no contexto dessa micro-instituição. A adicção é entendida
como um conjunto de comportamentos desajustados que refletem problemas do
sistema familiar como um todo
Todas as abordagens comportamentais consideram o abuso de substância
como um comportamento aprendido, suscetível de alteração através de
intervenções sobre o comportamento.