Parar de beber é acontecimento marcante na
vida de qualquer alcoólico em recuperação. Quando associado ao dia que buscou
ajuda de um Psicólogo ou em A.A., o aniversário deste dia é motivo para
comemoração do alcoolismo ou de qualquer doença crônica de dependência, não é
apenas um episódio limitado no tempo, e sim, um processo mais ou menos lento,
em constante evolução no dia a dia que exige reformulação interior sem data
marcada para terminar e que pode ser modificada ou interrompida a qualquer
momento. A recaída é um processo de recuperação que pode terminar nela, a menos
que seja detida a tempo. Em qualquer doença crônica acontece a mesma coisa.
Cito: diabéticos, hipertensos, reumáticos, são exemplos que interrompida o
processo de recuperação iniciam assim um processo de recaída, o que vai levá-lo
a situação anterior ou a morte. O alcoolismo é uma doença que começa com a
dependência química, levando o indivíduo a beber intensa e abusivamente,
atingindo a área física contínua a um gradual processo de adoecimento e levando
a perder seus valores éticos morais (físico, psíquico e espiritual). Na doença
do alcoolismo não existe cura, no entanto é possível retornar a uma vida
plenamente normal, desde que se disponha a agir dentro de um processo de
recuperação, devendo agir dentro das três fases do rumo natural da dependência:
1ª)
recuperação física – abstenção total do uso do álcool;
2ª)
recuperação emocional – aceitação, ir com calma, aceitar ajuda, dividir e
escutar;
3ª)
recuperação espiritual – recuperar e criar novos valores éticos e morais com o objetivo de se amar e aos seus semelhantes,
passando a ter um modo de vida sóbrio.
Para
passar por essas três fases o doente dependente necessita muitas vezes da ajuda
do Psicólogo, e não raro também, ajuda especializada de um Psiquiatra para vencer as dificuldades e enfrentar todos
os problemas dos quais se fugia. É no inicio da recuperação que se tem muitas
dificuldades. Cito: a admissão, concentração, nervos a flor da pele reagindo
com raiva, egocentrismo, inquietudes, culpas, medo,orgulho, grandiosidade etc. Creio que durem de
dois a três meses para superar o sistema nervoso. Passada as três fases é
fundamental para o dependente entrar em ação para vencer mais uma barreira, que
é o seu inventário moral. Isto significa mexer nos fantasmas arquivados naquele
baú da sua mente. Confrontar-se com a realidade do seu “eu” verdadeiro,
descobrir virtudes e defeitos não suspeitados, enfim, iniciar uma mudança no
seu comportamento, atitudes e valores.
Tudo
isso desencadeia sempre reações humanos e naturais, medo e insegurança. Às
vezes o organismo apresenta sinais de estresse. O alcoólico é ainda muito
sensível. Por isso sempre dizemos “vá com calma”, é necessário que exista uma
estrutura emocional mínima já equilibrada para se obter um resultado. O melhor
é conhecê-lo e reconhecer sua existência, motivar e em seguida fazer a
avaliação real, se não está nas fantasias da mente, e finalmente enfrentá-lo. O
inventário é fundamental para não regredir e vencer todos os obstáculos.
Agora
existe um “norte”, um rumo a seguir. Passa a ver sua vida e o mundo que o cerca
de modo mais equilibrado. Aos poucos o álcool deixa de ser visto como possível
solução para resolver problemas, e passa a não ter muita importância em sua
vida. É o estado que chamamos valorizando a sobriedade.
O
alcoólatra em recuperação jamais deve deixar de comparecer a consulta com seu
Psicólogo e às reuniões de alcoólicos anônimos, sendo que nelas encontram-se valores éticos e morais, impedindo-o de deixar
o passado voltar.
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