sexta-feira, 19 de julho de 2013

O elo entre a Teoria Cognitiva e a Teoria Comportamental



Por Marcus Vinícius Santos
Psicólogo
      Pela teoria cognitiva, a dependência química resulta de uma interação complexa entre cognições (pensamentos, crenças, ideias, esquemas, valores, opiniões, expectativas e suposições); comportamentos; emoções; relacionamentos familiares e sociais; influências culturais; e processos biológicos e fisiológicos. A TC, obviamente, focaliza primordialmente os processos cognitivos. Estes, por sua vez, interagem com os sistemas emocionais, ambientais e fisiológicos, determinando se uma pessoa terá maior ou menor probabilidade de ser dependente.

        A prática clínica da TC prescinde da teoria. Assim, a TC pode ser considerada a aplicação da teoria cognitiva de psicopatologia a um caso individual. Ela relaciona os vários transtornos psiquiátricos a variáveis cognitivas específicas e se fundamenta em diversos princípios formais e abrangentes. Na teoria da TC, a natureza e a função do processamento de informação e de atribuição de significados aos acontecimentos da realidade constituem a chave para entender o comportamento mal adaptado.

          A teoria comportamental da dependência química tem seu foco nas teorias do aprendizado social (condicionamento clássico, aprendizagem instrumental e modelagem), que será detalhado mais adiante. Entretanto, cognições e comportamentos têm intima relação. A teoria cognitiva tem como uma de suas premissas básicas o fato de que a cognição tem primazia sobre a emoção e sobre o comportamento. Em outras palavras, para a teoria cognitiva, mais importante que a situação real são as cognições associadas a elas. São as avaliações atribuídas à situação específica que influenciam as emoções e os comportamentos. Além disso, no processo terapêutico, as mudanças cognitivas precedem as mudanças emocionais e comportamentais.

        Embora haja significativas diferenças entre a teoria cognitiva e a teoria comportamental, tem sido debatido, ultimamente, que a teoria cognitiva constitui-se como unificadora para a psicoterapia e para a psicopatologia. A TC utiliza um conjunto de técnicas dentro do enquadre do modelo cognitivo da psicopatologia, mas utiliza também técnicas derivadas dos modelos comportamentais. Dada esta complexa relação, recomendamos que a Terapia Cognitiva, a Terapia Comportamental e, principalmente, a combinação delas, sejam aplicadas por profissionais devidamente treinados, com formação e que dominem o conhecimento teórico. Já a Prevenção de Recaída e o Treinamento de Habilidade não consistem formalmente num modelo de terapia. A PR e o TH assentam-se nas teorias cognitivas e comportamentais e sua aplicação clínica baseia-se em técnicas mais aprimoradas para o comportamento de uso de drogas. Portanto, a PR e o TH são ideais para serem utilizados pelos psiquiatras gerais, com treinamento adequado, sem a necessidade da formação nem das supervisões recomendadas por Beck, no caso da TC e TCC.

Bibliografia

1 - Beck AT, Alford BA. O poder integrador da Terapia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas; 2000.

2 - Alford EA, Nocross JC. Cognitive Therapy as integrative therapy. Journal of Psychotherapy integrations; 1991;1(3):175-90.

3 - Beck AT, Rush AJ, Shaw BF, Emery G. Terapia Cognitiva da depressão. Porto Alegre: Artes Médicas; 1997.

4 - Liese BS, Beck AT, Seaton K. The Cognitive Therapy Addictions Group. In: DW Brook & HI, editors Spitz. Group Psychotherapy of Substance Abuse. Washington, DC: American Psychiatric Press; 1999.

5 - Liese BS, Franz RA. Treating substance use disorders with Cognitive Therapy: lessons learned and implications for the future. In: Salkowski P. Frontiers of Coginitive Therapy. editors. New York: Guilford Press; 1996. p. 470-508.

6 - Beck AT, et al. Cognitive Therapy of Substance Abuse. New York - London: Guilford Press; 1993.

7 - Beck AT, Wright FD, Newman CF, Leise BS. Cognitive Therapy of Substance Abuse. New York: Guilford Press; 1993.

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