Por Marcus Vinícius Santos
Psicólogo
Pela
teoria cognitiva, a dependência química resulta de uma interação complexa entre
cognições (pensamentos, crenças, ideias, esquemas, valores, opiniões,
expectativas e suposições); comportamentos; emoções; relacionamentos familiares
e sociais; influências culturais; e processos biológicos e fisiológicos. A TC,
obviamente, focaliza primordialmente os processos cognitivos. Estes, por sua
vez, interagem com os sistemas emocionais, ambientais e fisiológicos,
determinando se uma pessoa terá maior ou menor probabilidade de ser dependente.
A
prática clínica da TC prescinde da teoria. Assim, a TC pode ser considerada a
aplicação da teoria cognitiva de psicopatologia a um caso individual. Ela
relaciona os vários transtornos psiquiátricos a variáveis cognitivas
específicas e se fundamenta em diversos princípios formais e abrangentes. Na
teoria da TC, a natureza e a função do processamento de informação e de
atribuição de significados aos acontecimentos da realidade constituem a chave
para entender o comportamento mal adaptado.
A
teoria comportamental da dependência química tem seu foco nas teorias do
aprendizado social (condicionamento clássico, aprendizagem instrumental e
modelagem), que será detalhado mais adiante. Entretanto, cognições e
comportamentos têm intima relação. A teoria cognitiva tem como uma de suas
premissas básicas o fato de que a cognição tem primazia sobre a emoção e sobre
o comportamento. Em outras palavras, para a teoria cognitiva, mais
importante que a situação real são as cognições associadas a elas. São as
avaliações atribuídas à situação específica que influenciam as emoções e os
comportamentos. Além disso, no processo terapêutico, as mudanças cognitivas
precedem as mudanças emocionais e comportamentais.
Embora
haja significativas diferenças entre a teoria cognitiva e a teoria
comportamental, tem sido debatido, ultimamente, que a teoria cognitiva
constitui-se como unificadora para a psicoterapia e para a psicopatologia. A TC
utiliza um conjunto de técnicas dentro do enquadre do modelo cognitivo da
psicopatologia, mas utiliza também técnicas derivadas dos modelos
comportamentais. Dada esta complexa relação, recomendamos que a Terapia Cognitiva,
a Terapia Comportamental e, principalmente, a combinação delas, sejam aplicadas
por profissionais devidamente treinados, com formação e que dominem o
conhecimento teórico. Já a Prevenção de Recaída e o Treinamento de Habilidade
não consistem formalmente num modelo de terapia. A PR e o TH assentam-se nas
teorias cognitivas e comportamentais e sua aplicação clínica baseia-se em
técnicas mais aprimoradas para o comportamento de uso de drogas. Portanto, a PR
e o TH são ideais para serem utilizados pelos psiquiatras gerais, com
treinamento adequado, sem a necessidade da formação nem das supervisões
recomendadas por Beck, no caso da TC e TCC.
Bibliografia
1 - Beck AT,
Alford BA. O poder integrador da Terapia Cognitiva. Porto Alegre: Artes
Médicas; 2000.
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