O ALCOOLISMO
O consumo de bebidas alcoólicas é o
hábito social mais antigo e disseminado entre as populações. As justificativas
para o seu consumo são as mais diversas possíveis, sendo atribuídos efeitos
calmantes, desinibitório, afrodisíacos e estimulantes do apetite. A partir do século XX, foram realizados estudos
sistematizados para avaliar os problemas que o consumo exagerado de bebidas
alcoólicas acarreta nas populações (CARDIN et al., 1986; BERRIDGE, 1990; VALLE,
1998). No ano de 1990, estimou-se que cerca de 5% das mortes de pessoas com
idade entre cinco e vinte e nove anos ocorreram pelo uso do álcool, além do
óbito, a invalidez permanente em indivíduos jovens é uma grave consequência do
consumo exagerado de bebidas alcoólicas (JERNIGAN, 2001).
Alcoolismo ou “Síndrome da Dependência
do Álcool” é uma intoxicação aguda ou crônica provocada pelo uso excessivo e
prolongado do álcool, sendo o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas
alcóolicas seguido de todas as consequências. Alcoolismo é uma doença
progressiva, incurável e fatal se não tratada a tempo. É caracterizada por
compulsão, perda de controle, dependência física e tolerância ao álcool,
podendo promover doenças físicas, loucura ou morte prematura, fazendo com que o
alcoólico se envolva em situações psicossociais desagradáveis, como por
exemplo, desestruturação familiar, desestruturação psíquica, solidão, crime e
marginalidade (RODRIGUES, 2004).
Tornar-se usuário crônico de álcool e
drogas é também ser alvo de um olhar que segrega e não acolhe, que afasta entes
queridos que com ele não compartilham o hábito compulsivo e crônico de fazer
uso de uma substância entorpecente. Muitas vezes, sem nem mesmo se dar conta
disso, o indivíduo se isola em sua atitude dissidente. Cada vez mais envolvidos
e dependentes, muitos usuários crônicos, que se mantêm neste status,
retroalimentam sua motivação por um constante novo consumo. A vivência das
reações psicológicas e fisiológicas, provocadas no organismo, a partir da
ingestão de algumas dessas substâncias, constituirá algo a ser fundamentalmente
buscado, para os iniciados e expostos a determinado tempo de abuso. Mesmo em
detrimento dos possíveis efeitos negativos advindos do consumo prolongado –
complicações no campo afetivo, familiar, laboral, financeiro e eventualmente
criminal – indivíduos constroem um repertório de busca por prazer e desalentada
frustração com as drogas.
Originalmente o conceito de vício
estava vinculado em sua quase totalidade à dependência química, ao álcool ou a
drogas de vários tipos. Uma vez incorporada pela medicina, a ideia foi definida
como uma patologia física: o vício neste sentido refere-se a um estado do
organismo (GIDDENS, 1993, p. 83).
Para a Organização Mundial de Saúde
(1993), dependência química trata-se de uma gama de fenômenos fisiológicos,
comportamentais e cognitivos, nos quais “o uso de uma substância ou uma classe
de substância alcança prioridade muito maior para um determinado indivíduo que
outros comportamentos que antes tinham valor” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE,
1993, item F10), ou seja, fala-se de dependência quando se adquire um padrão de
uso de substância psicoativa que causa dano à saúde. O dano pode ser físico
(como nos casos de hepatite decorrente de autoadministração de drogas
injetáveis) ou mental (p. ex., episódios de transtorno depressivo secundário a
um grande consumo de álcool) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993, item F10).
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